Caro Saddam, Desde o dia em que te quebraram a espinha, muitos outros viram, também, encurtadas as suas vidas. Morreram às mãos de assassinos, foram explodidos, esfaqueados, gaseados, mutilados, violados e mortos, atropelados, cilindrados, baleados, cortados. Demasiados foram executados por crimes que lhes foram imputados, perderam-se em acidentes de viação, ou aéreos, ou navais. Outros caíram e não resistiram, outros fizeram grandes golpes nas carnes ou saltaram de pontes e sucumbiram a um desejo tormentoso. Muitos morreram antes mesmo de nascer e tantos, tantos a quem a tão tenra vida foi arrancada por fome ou ‘malárias’, faz dela, a vida, uma coisa aparentemente inútil; banal. Tantos foram os que se foram, de tão variada forma, que rapidamente passaste a ser mais um, lá no meio dessa outra humanidade que procuramos esquecer. Outros porém partiram a seu tempo, deixando semente e memória, e esses, talvez inexplicavelmente, são os mais chorados e lembrados. Pois, porquê Saddam, porquê