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A mostrar mensagens de maio, 2007

1. O suicídio por hemorragia

Notas prévias e importantes (volto a lembrar): 1º Este texto é um exercício de criatividade. Não pretende, nem poderá, retratar situações reais. 2º Este texto não existe fora da cabeça de quem o escreveu e esvanece no momento em que quem o lê termina cada palavra. 3º NÃO ACONSELHO NINGUÉM AO SUICÍDIO. Na minha opinião, é sempre melhor VIVER. Não procuro com este texto – ou outros –, levar, conduzir, apoiar ou encorajar o suicídio de quem quer que seja. 4º Se te queres matar, não deixes na carta que fui eu quem to aconselhou. Procura ajuda. VIVE! [Hemorragia – do Lat. haemorrhagia < Gr. haimorrhagia, (s. f.), é o derramamento do sangue para fora dos vasos sanguíneos.] Pousou a caneta, sem a tapar; pegou na folha e dobrou-a em três, cuidadosamente; meteu-a no envelope, sem pressas; humedeceu a boca demoradamente e lambeu a aba do envelope, devagar, para lá e para cá. Ficou-lhe na língua o gosto a cola de farinha, e soube-lhe a ela. Lembrou-se dela como se fosse esta a ultima vez q

Da crueldade e da piedade — se é melhor ser amado ou temido

Mesmo não sendo principes, vale muito a pena ler e concluir pela nossa cabeça. Só pela nossa cabeça. MAQUIAVEL, Nicolau. Da crueldade e da piedade — se é melhor ser amado ou temido In: O príncipe. (trad. Olívia Bauduh) São Paulo: Nova Cultural, 1999. (Col. Os Pensadores). Excerto d'O Príncipe (Cap. XVII) de Nicolau Maquiavel Continuando na apresentação das qualidades mencionadas, digo que cada príncipe deve preferir ser reputado piedoso e não cruel; a despeito disso, deve cuidar de empregar adequadamente essa piedade. César Bórgia , embora tido como cruel, conseguiu, com sua crueldade, reerguer a Romanha, unificá-la e guiá-la à paz e à fé. O que, bem analisado, demonstrará que ele foi mais piedoso do que o povo florentino, o qual, para fugir à fama de cruel, permitiu a destruição de Pistóia. Ao príncipe, assim, não deve importar a pecha de cruel para manter unidos e com fé os seus súbditos, pois, com algumas excepções, é ele mais piedoso do que aqueles que, por clemência em dem

Maio

Passava ontem na rua e vi um velho Ford Taunus, daqueles que revolucionaram o mundo automóvel ao saírem equipados com quatro velocidades para a frente e uma marcha-atrás. Vi o velho Ford, dizia, com um frondoso ramo de maias entalado em cada um dos pára-choques. Olhei em volta e nada. Tudo como nos outros dias. Se alguém tinha plantas à janela, era porque as ali tinha em Abril e as terá, salvo de secarem, em Junho. Vasos de florinhas viçosas mas sem memória, floreiras cheias de sardinheiras cheirosas mas sem glória, trepadeiras que lentamente procuram asfixiar as casas, no seu abraço paulatino e desconcertante. Maias, nem vê-las. Só as colocadas no velho Taunus, pertencente, digo eu, a um homem tão anacrónico como a viatura que teima em manter, mantinham viva a tradição da noite do Carrapato! Pena ter-se, como tantas outras, perdido a tradição de proteger a casa com os raminhos de giesta florida. As ruas, por muito urbanas que fossem, por muito que por lá passassem carros e gente apres