Vivemos uma Belle Époque. O fim do século das luzes trará, é nossa convicção, um novo século de paz e prosperidade jamais vividas. A nossa bela capital, Paris, o centro do mundo civilizado, marca a força das nossas convicções. A torre, o gás, os carros e os aeroplanos dão, à grande cidade, uma acrescida superioridade tecnológica, um vértice de desenvolvimento que a há-de levar, pioneira, para lá do limiar do futuro. Uma nova mentalidade voga pelas mentes iluminadas dos nossos políticos, industriais e comerciantes. Implantada a república e afastada definitivamente a comuna, a cidade goza os prazeres materiais conseguidos pelo progresso técnico, pela industrialização, pelo comércio ultramarino e pela paz europeia, mas também os consentidos graças à redução da influência da igreja na sociedade, à abertura do povo francês a outros povos e culturas e a um renovado gosto pela vida e pelo belo, que desponta do facto de termos as mais belas e as melhor apresentadas mulheres da Europa. É nessa
um edifício mental construído para manter acesa a chama e reforçar a confusão