A propósito da saída de Marcelo Rebelo de Sousa da TVI.
Que um obscuro ministro do governo de Santana Lopes acuse, em nome do governo a que pertence e em nome do seu Primeiro Ministro, as estocadas semanais de MRS na TVI, entende-se, dado ser este um governo de actos menores, composto por gente de acções menores e liderado por um espírito que de há muito se releva prepotente e imaturo. Entende-se a forma como foi feito e porque foi feito. Usando a papa-açorda que é a comunicação social como correia de transmissão, este governo manifestou de forma nunca vista em trinta anos, o seu incómodo perante uma voz que, reconhecidamente elucidada e assertiva, tem perante este Primeiro Ministro, uma particular azia, tanta que nem o seu elevado intelecto consegue disfarçar.
Feita a 'indemocrática' acusação e entendidos, se bem que ainda incompreensíveis, os seus motivos, persiste no meu pensamento uma dúvida: o que terá levado MRS a anunciar a interrupção de um projecto de mais de quatro anos de forma tão sumária?
Levantam-se dois cenários: MRS foi pressionado a sair pela administração da TVI. Ou então, MRS usa a sua demissão como forma de chegar ã presidência do PSD (ou PSD/PPD, como convém por estes dias).
A primeira hipótese é apelativa tendo por verdade que a TVI perde dinheiro e audiências continuamente. Desta forma, o sussurrado negocio entre a PT e a TVI, colocando a por enquanto estação privada sob a alçada do governo, reveste-se de importância capital. Poder-se-á pensar que o poderoso grupo terá exigido algumas "acções de boa vontade e complacência" ao estrangulado operador, numa demonstração de fidelidade futura. Ao reflectir sobre o que seria uma sórdida perversão da liberdade de imprensa que colocaria o governo junto à porta de saída, pronto a ser presidencialmente chutado, e o departamento editorial da TVI a par da Voz dos Ridículos, parece esta intromissão menos plausível, se bem que não descartável, pois que maus exemplos de governação são o forte deste governo, e é sabido que os cruzamentos perversos entre poder governativo e poder financeiro são reais, marcantes para a sociedade e talvez os mais insondáveis de todos.
Resta a segunda hipótese. MRS demite-se da TVI, num movimento magistral com um alcance visionário, para se tornar presidente do PSD. Vingando-se de uma só vez de Santana Lopes e de Paulo Portas. O que prova que uma sopa pode demorar anos a digerir. Ao demitir-se, força um movimento de opinião (leia-se, dos media, dos partidos da oposição e dos opositores do PSD) no sentido da primeira hipótese, que leva o Presidente da República a dissolver o parlamento e convocar eleições legislativas. Santana Lopes e o seu governo são unanimemente apontados por má conduta democrática, os acicates do costume cravam-se-lhes na pele, o partido vai para congresso e a coligação para as urtigas. Paulo Portas cai por arrasto, o seu partido desaparece e Manuel Monteiro ajoelha-se no chão da sala de sua casa, punhos erguidos e dentes cerrados, berrando urras como se visse Portugal marcar o quarto golo aos gregos.
Congresso do PSD: sem barões e com a muleta da aliança estilhaçada, quem poderá ser o rosto eloquente, inteligente, conhecido, respeitado, preparado e com experiência governativa que poderá refazer o PSD e configurá-lo como alternativa ao neo-guterrismo?
Este é sem dúvida o argumento para um romance politico. Um best-seller que mistura politica, media e capital. Poderá ser levado a serio? Será a realidade tão absurda? Serão as mentes tão dissolutas?
P.S.: Miguel de Sousa Tavares que gosta de ficar nestas fotografias, deu um ar de sua graça, dizendo 'nim'.
Que um obscuro ministro do governo de Santana Lopes acuse, em nome do governo a que pertence e em nome do seu Primeiro Ministro, as estocadas semanais de MRS na TVI, entende-se, dado ser este um governo de actos menores, composto por gente de acções menores e liderado por um espírito que de há muito se releva prepotente e imaturo. Entende-se a forma como foi feito e porque foi feito. Usando a papa-açorda que é a comunicação social como correia de transmissão, este governo manifestou de forma nunca vista em trinta anos, o seu incómodo perante uma voz que, reconhecidamente elucidada e assertiva, tem perante este Primeiro Ministro, uma particular azia, tanta que nem o seu elevado intelecto consegue disfarçar.
Feita a 'indemocrática' acusação e entendidos, se bem que ainda incompreensíveis, os seus motivos, persiste no meu pensamento uma dúvida: o que terá levado MRS a anunciar a interrupção de um projecto de mais de quatro anos de forma tão sumária?
Levantam-se dois cenários: MRS foi pressionado a sair pela administração da TVI. Ou então, MRS usa a sua demissão como forma de chegar ã presidência do PSD (ou PSD/PPD, como convém por estes dias).
A primeira hipótese é apelativa tendo por verdade que a TVI perde dinheiro e audiências continuamente. Desta forma, o sussurrado negocio entre a PT e a TVI, colocando a por enquanto estação privada sob a alçada do governo, reveste-se de importância capital. Poder-se-á pensar que o poderoso grupo terá exigido algumas "acções de boa vontade e complacência" ao estrangulado operador, numa demonstração de fidelidade futura. Ao reflectir sobre o que seria uma sórdida perversão da liberdade de imprensa que colocaria o governo junto à porta de saída, pronto a ser presidencialmente chutado, e o departamento editorial da TVI a par da Voz dos Ridículos, parece esta intromissão menos plausível, se bem que não descartável, pois que maus exemplos de governação são o forte deste governo, e é sabido que os cruzamentos perversos entre poder governativo e poder financeiro são reais, marcantes para a sociedade e talvez os mais insondáveis de todos.
Resta a segunda hipótese. MRS demite-se da TVI, num movimento magistral com um alcance visionário, para se tornar presidente do PSD. Vingando-se de uma só vez de Santana Lopes e de Paulo Portas. O que prova que uma sopa pode demorar anos a digerir. Ao demitir-se, força um movimento de opinião (leia-se, dos media, dos partidos da oposição e dos opositores do PSD) no sentido da primeira hipótese, que leva o Presidente da República a dissolver o parlamento e convocar eleições legislativas. Santana Lopes e o seu governo são unanimemente apontados por má conduta democrática, os acicates do costume cravam-se-lhes na pele, o partido vai para congresso e a coligação para as urtigas. Paulo Portas cai por arrasto, o seu partido desaparece e Manuel Monteiro ajoelha-se no chão da sala de sua casa, punhos erguidos e dentes cerrados, berrando urras como se visse Portugal marcar o quarto golo aos gregos.
Congresso do PSD: sem barões e com a muleta da aliança estilhaçada, quem poderá ser o rosto eloquente, inteligente, conhecido, respeitado, preparado e com experiência governativa que poderá refazer o PSD e configurá-lo como alternativa ao neo-guterrismo?
Este é sem dúvida o argumento para um romance politico. Um best-seller que mistura politica, media e capital. Poderá ser levado a serio? Será a realidade tão absurda? Serão as mentes tão dissolutas?
P.S.: Miguel de Sousa Tavares que gosta de ficar nestas fotografias, deu um ar de sua graça, dizendo 'nim'.
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