Vi-te morta. Estava a dormir. Foi em sonho, Mas não importa. Apertou-se-me o peito ao sentir a tua pele fria; O teu suave respirar que já não existia. Estava a dormir e não sabia se eras tu ou o teu amor que morria. Vejo-te prostrada, esventrada. E a faca ensanguentada, Diz-me que estás morta. Sei que a meu lado respiras. Que posso ver o teu rosto, Entre os cabelos que caem em tiras. Horrorizo, estremeço. Pulo na cama e volto ao começo. É tudo tão falso, a faca, o sangue, chegas a rir. Mas basta-me imaginar-te morta para contigo querer partir. Se respiro, é por ti. Se amo meus filhos, é porque são teus. Se te vejo morta, mesmo a dormir, é o fim. Hypnos, larga-me! Larga-me, já disse; Que sono assim não é descanso, mas tortura, aldrabice. Estás aqui porque queres, acordas quando quiseres. Será mesmo dor, a dor que sentes?
um edifício mental construído para manter acesa a chama e reforçar a confusão